Tuesday 6 May 2008

Hora de Mudar

de vida.

A vida continuava, o verao bombando, o dia amanhecia e o calor ja pegava, as temperaturas alcancavam 38 graus, lembro do dia em que o Big Ben ate parou, segundo a midia britanica devido ao calor.

A alegria era facilmente vista nas pessoas pela cidade, exceto no onibus 253 lotado que eu pegava pra ir a escola, cheio de gente fedendo e gritando, carrinhos de bebe que as maes a todo momento batiam nos pes das pessoas... pior ainda era pensar na luta pra voltar da escola, dae mesmo que eu queria ficar no parque o dia todo.

As diferencas entre a area da escola e a regiao que eu morava nao ficavam so no campo visual, mas na seguranca, infra-estrutura e muitas outras coisas. Tudo isso era differente no Hackney, e infelizmente pra pior…Ehhh… a vida nao era facil, pois o trabalho que eu arranjei tinha como ponto de encontro a estacao de Hammersmith, que fica no centro-oeste de Londres, e na maioria das vezes teria que estar la bem pela manha, por morar no leste (Hackney) isso ficava bem mais complicado…

Em uma das vezes que eu teria que estar la as 6:45h da manha, lembro que tive que sair de casa por volta das 5:40h, mas o probema foi que esqueci que o meu travelcard havia expirado e eu teria que usar um onibus ate a estacao mais proxima pra recolocar os creditos, ja que era tarde da noite. Bom, nao tinha o que fazer, entao resolvi pagar o onibus, mas esqueci que eu sequer tinha moedas, quando o onibus parou entreguei a motorista uma nota de 10 pounds, e ela me disse que nao tinha troco, e que eu deveria descer do onibus… Fiquei puto, mas desci e tive que esperar o proximo, e ainda bem que deu certo porque este outro motorista aceitou. Vai uma dica: Sempre que tiver algo errado com seu travelcard, o motorista do onibus nao quer saber, fala pra voce descer ou ele desliga o onibus e para, ate todos passageiros ficarem contra voce e te obrigarem a descer pra que o onibus volte a andar.

Varios apuros para ir trabalhar e a distancia que ficava a escola me encorajaram a deixar a casa no Hackney, e tambem ja naquela epoca comecei a ouvir muitos cometarios ruins sobre a area, sem mencionar que haviam ratos na casa, que era suja e muita gente entrava e saia o tempo todo, ou seja… nao era segura.

Ceti dia um dos caras me chamou pra dividir um quarto bem perto da escola, fiquei indeciso e com medo da mudanca, mas no final fui pra la, e vejo hoje que foi um passo importante e com certeza muito bom pra minha vida aqui em Londres, a sharing home com estudantes tinha sido importante para os primeiros passos, conhecer e fazer amigos, mas agora era hora de voar sozinho, ou quase…

FOTO: STANTON SCHOOL OF ENGLISH, Queensway Road.

Try



and try again!


Desafios realmente mudavam a cada dia, mas agora o mais eminente era o de arranjar trabalho, entao seguindo o que os caras mais velhos na casa e em londres faziam foi o que fiz. Inventar experiencia como lavador de pratos, e ajudante de cozinha no curriculo, sim era este o “jeito” que eles pensavam que conseguiriam trabalho, entao tambem fiz o meu “CV”.



Por algumas vezes saimos para entregar estes curriculos no centro de Londres, em bares, restaurantes e hoteis, mas nao tinhamos nenhum resultado. Outra opcao era trabalhar por agencias, que sao comuns para servicos temporarios em eventos de toda ordem. Logo na primeira semana o dono da agencia de intercambio, HelloLondon, nos passou um numero de uma brasileira chamada Silvana, mas ela nunca atendeu o telefone e muito menos respondeu as mensagens que eu e meus flatmates enviamos, logo continuavamos com curriculos que tambem nao deram certo.



Sempre que entregavamos curriculos as pessoas olhavam o Post Code e faziam uma cara meio estranha, tempo depois fui perceber que era porque moravamos no Hackney, uma regiao com transporte ruim, o que sem duvida resultaria em atrasos constantes no trabalho. Certo dia saimos da escola e ficamos sabendo de um trabalho que ia rolar como cleaner, Cleanevent era o nome da empresa, que faria a limpeza no Torneio de Tennis de Wimbledon, entao saimos da escola, na regiao central de Londres e fomos ate o Sudoeste, onde fica o Wimbledon Tennis Court, quando chegamos, depois de nos perdermos varias vezes, a selecao para o trabalho ja havia terminado, entao frustrados voltamos pra casa, atravessar a cidade usando onibus pra nao pagar o metro da zona 3.



Depois dessa longa jornada chegamos em casa, tomei um banho, alias o banheiro as vezes era duro de enfrentar, pois dez pessoas dividindo o mesmo banheiro era realmente complicado. O sono bateu e foi longe, junto veio a preguica mas no outro dia tava eu la na escola novamente.



Tres horas de calor dentro da sala e muitos brasileiros, mas fiquei ate o fim e voltei pra casa. Entao no exato momento que estava abrindo a porta, um dos meus flatmates me ligou, dizendo que tinha arrumado um canal pra um trampo de vender cerveja em eventos, mas eu teria que encontra-lo la perto de Wimbledon, na hora eu ja quase desisti, mas como precisava do trampo, atravessei a cidade enquanto eles me esperavam em Earl’s Court Station.



Quase duas horas depois eu estava la. Entao fomos atras do endereco e chegamos na empresa, e finalmente apos uma engracada entrevista conseguimos trabalho na MJR Tom-UK, mas nao era um trabalho fixo, seriam so alguns dias na semana e comecariamos ja no dia seguinte. Fato engracado na entrevista era que o Alex, um dos managers fez algumas perguntas pra testar o nosso nivel de ingles, apos dizermos que era intermediario, mas um dos flatmates tinha um ingles basico, entao o Alex sacou e perguntou pra ele; “-What if one of our guests wants to fuck your sister?”- entao esse nosso amigo prontamente respondeu: “Yes!! I’ts ok!” , todos cairam na gargalhada, mas no fim deu tudo certo.



No dia seguinte la estavamos nos, procurando o caminho pra chegar ao Twickenham Stadium, depois de pegar o trem em Waterloo Station sem pagar, correndo risco de sermos multados, la estavamos, ligamos pra um contato que haviam nos passado e meia hora depois ja estavamos trabalhando. Uma mochila nas costas pesando cerca de 15 quilos, cheia de cerveja, copos e uma pochete nos tornavam uma das atracoes do evento. Uma roupa que se assemelhava ao uniforme dos caca-fantasmas e muitas piadas ao respeito foram a tonica do dia.



Fora isso ainda o cansaco de ficar em pe com peso nas costas so era superado pela necessidade de fazer dinheiro pra se viver aqui. Mas logo outro fator foi decisivo para continuarmos na empresa, eu particularmente por oito meses, diria eu que este era um dos dois unicos motivos de ficar la, o dinheiro, outro era as amizades, falando em amizades, neste primeiro dia de trabalho arranjei um dos amigos que dificilmente vou esquecer, Fabricio cara gente boa pra caramba, vindo do interior do Parana, precisamente Pato Branco.



Na verdade esta empresa tem direito a um post so pra ela, acreditem! Assim a vida foi seguindo, nos trabalhamos em varios eventos, saindo de madrugada de casa porque moravos longe demais do ponto de encontro, que era em Hammersmith, e na hora de voltar tambem, a jornada incluia as vezes dois ou tres night buses. Dias inteiros sem comer, mas por outro lado assiti a varios concertos e eventos esportivos de graca, e ainda ganhava por isso, conhecendo outras cidades no Reino Unido e fazendo alguns amigos.



Este foi meu trabalho enquanto eu morava no Hackney, e durou bastante tempo, era so minha segunda semana na primeira casa, pois 15 dias em Londres e ja estava empregado... mas nao e assim pra todo mundo.



FOTOS: 38 BUS, at Hackney Central bus stop.
Twickenham Rugby Stadium, meu primeiro dia de trabalho no Reino Unido.

A long way to go



Study





Depois do fim de semana de “adaptacao” se e assim que posso chamar, segunda-feira era o dia de conhecer a escola, na verdade eu nao tava tao ansioso pra isso, mas esse era o objetivo: estudar. No dia em que cheguei eu ja havia comprado o travelcard que era o passe do transporte, no caso eu comprara para usar o underground nas zonas 1 e 2, e este tambem servia para todas as zonas usando onibus.




Acordei 7:30am, por ai voce tem uma ideia, minha aula comecaria as 9:00am, entao tomei um banho rapido, comi umas torradas e la fomos eu, o Daniel e outro cara que morava na casa, a escola ficava longe de onde moravamos, lembro que pegamos o onibus 254 ate Bethnal Green Station, e de la a Central Line ate Notting Hill Gate Station, depois caminhamos mais 20 minutos ate a escola que ficara na Queensway Road, ja na regiao central de Londres. Percebi que minha forca de vontade nao iria muito longe com este trajeto e logo eu realmente teria que mudar pra mais perto da escola. Stanton School of English, pelo nome parecia uma otima escola, mas nao era bem assim, logo que cheguei fui a recepcao e la tentando me virar com um ingles basico, consegui entender que eu teria que esperar por uma breve entrevista pra saber a qual nivel eu ingressaria, me sentei e esperei… Logo uma moca apareceu e tivemos uma breve conversa cheia de “sorry” da minha parte. Entao ela terminou me deu um papel com meu nivel escrito, estava la: Intermediate. Fiquei feliz porque era a mesma classe dos meus novos amigos ali da casa.




A aula tinha duracao de tres horas, sendo que a primeira era voltada a conversacao e a segunda a gramatica. O primeiro professor era um escoces, mas que nao tinha sotaque tao pesado, meio complicado entende-lo no inicio, mas depois de um tempo ja foi ficando mais facil, ja a segunda aula era com uma brasileira, que morou em Jundiai, interior de Sao Paulo, mas que estava ha muito tempo for a do Brasil e pouco se lembrava do portugues.




Percebi que a maioria na classe era brasileira, o que dificultava muito o aprendizado. Mas foi bom porque alguns ajudavam os outros, ate com dicas de trabalho e coisas assim. Lembro que numa sexta-feira fomos a um pub logo ao lado da escola, alguns alunos e o professor, que era arabe. Este periodo na escola nao foi tao mal, mas com a chegada do verao, a classe foi crescendo demais, comecamos a ter um grupo de 26 numa classe, muitas vezes eu nem ia mais a escola, porque a sala era pequena, abafada, o ar condicionado nao funcionava, e era verao em Londres, isso tudo aliado a minha preguica de atravessar a cidade, pois eu morava muito longe, me deixava em casa…




Por outro lado o pouco tempo que eu ia sempre era util, porque aprendi vocabulario e coisas basicas, sem falar em amigos que fiz. A batalha diaria contra o transporte pra chegar a escola so me deixava mais desanimado, isso me deixava cada vez mais ansioso pra mudar dali, mas era uma passo dificil, confesso. Seria sair da facilidade de morar com brasileiros pra ir morar sabe Deus onde. Passavam pela cabeca muitas coisas, ate quem sabe necessidade de voltar pra casa se as coisas nao se acertassem, mas alguns momentos bons na casa, ir ao parque jogar futebol, ou tirar fotos com a galera da casa me deixavam masi animado.




Lembro muito bem que nesta epoca eu olhava muito pro ceu pra ver os avioes, a cada um que passava me dava saudades de casa, dos amigos e da familia mas eu sabia que nao deveria desistir. Estudantes novos chegavam a casa todas as semanas, e agora era minha vez de ajuda-los, isso era legal tambem, pois muita gente que nao vou esquecer, brasileiros de todos os cantos do Brasil, com historias e personalidades impares, alguns que renderiam bons livros.




Mas se a escola nao era assim tao boa mesmo, e ainda com dificil acesso, fazer o que? Tudo bem, tudo era novo, ate as preocupacoes eram diferentes e os desafios ainda maiores…


FOTO: Mary Street - Hackney Central, London-UK and Kesington Gardens, Central London - Bayswater Road.

Sunday 4 May 2008

Ainda no Hackney...

A casa



Depois do susto das escadas era hora de entrar na casa. Nao sei porque, mas na minha cabeca nunca antes tinha imaginado as pessoas com quem eu viveria, acho que por isso a surpresa nao foi tao grande. Fui apresentado a alguns deles, muitos nomes que na hora eu nao consegui decorar, lembro de um que se chamava Ricardo, um gaucho boa gente, mas que nos proximos dias estaria voltando ao Brasil apos um “mochilao” pela Europa.



Na sala onde havia uma TV 20” e um PC, outros dois caras que moravam na casa estavam na sala tambem eram recem chegados do brasil como eu, havia duas semanas que chegaram e ficariam pelo menos mais um ano. Meu amigo Daniel que viera um dia antes, tinha saido pela vizinhanca, mas logo voltou, entao me mostrou onde eu ficaria, um quarto com mais outras tres pessoas, no total a casa abrigava dez estudantes, por “coincidencia” dez brasileiros. Um deles era uma especie de “manager” da casa, que pegava o dinheiro do aluguel e dava algumas ordens pra galera, como de colocar o lixo na rua, fazer uma escala pra usar o PC, pois a demanda era grande.



Sai com o Daniel pra reconhecer a vizinhanca, logo fomos num “News Agent” que e um misto de mercearia e banca de jornais, alguns deles tambem desbloqueiam celulares e coisas do genero. Comprei algumas besteiras pra comer e caminhando pela vizinhanca ja percebi que eu estava no suburbio, tempo depois vim a saber que o Hackney tinha sido considerado o pior lugar pra se viver no Reino Unido. Como o Daniel ja estava la um dia antes de eu chegar, ele ja havia feito amizade com a galera da casa, e sabia mais ou menos como as coisas funcionavam ali pelo menos com o transporte.



Voltamos pra casa, e entao fui conhecer a cozinha, la estavam o fogao, um microondas, armarios divididos entre os moradores, uma mesa, quarto cadeiras, num espaco menor que 9m², e uma torradeira eletrica que passaria a ser minha companheira diaria. Logo me disseram que neste mesmo predio haviam outros tres “flats” que funcionavam como casas da mesma agencia, logo eu ja pude calcular que ao menos trinta brasileiros moravam no mesmo predio, todos estudantes.



Primeira noite, fim de outono e uma janela quebrada, o vento lembrava de leve que eu mudara de continente, mas logo nos mesmos a consertamos. Conversando com os moradores da casa, o que percebia de inicio era a preocupacao com o emprego, alguns ja trabalhavam fazendo eventos como exposicoes, festas e coisa e tal, entao eles waiter, kitchen porters, washing ups. Um outro cara que morava na casa era o Lucas, ele trabalhava no Mc Donald’s, trazia lanche toda noite, e ainda vendia pros flatmates por 50p. Mas o resto do pessoal da casa ainda estava sem emprego, entao estavam todos fazendo CV’s no computador, inventando experiencia anterior em bares, restaurantes, etc… segundo eles, era a melhor maneira de se arrumar trabalho por aqui.


A dificuldade com o emprego fazia com que todos tentassem ao maximo economizar dinheiro, entao a batalha pela sobrevivencia comecava no supermercado. Todos Eles faziam compra num supermercado muito barato aqui, mas sem nenhuma variedade, so o basico. Netto, era o nome, la se encontrava coisas muito baratas mesmo.



Cervejas era algo raro de se ver na casa, pois seria sem duvida um gasto superfluo. Mesmo assim alguns que ja tinham seus empregos desfilavam iPod’s e cameras digitais, outros vestiam seus Nike Shox’s pela casa - ha gosto pra tudo. Mas no geral as pessoas viviam numa certa harmonia, alguns problemas sempre existiram, as vezes alimentos que “sumiam” da geladeira, mas tudo isso coisa que se resolvia com facilidade, no fim das contas era bastante divertido morar com este pessoal, certo dia fizeram um video quando estavam jogando o Microondas pela jenela, hilario.



Algumas noites jogando poker e a galera se enturmava mais, depois tambem alguns passeios aos parques amizades foram sendo construidas, essa foi uma fase muito boa pra se conhecer a cidades e se fazer amigos.Muita gente diz que nao e bom pra se aprender ingles se voce morar com brasileiros, eu concordo, mas tenho tambem certeza de que no primeiro passo aqui em Londres e muito bom morar com "brazucas", porque no final das contas eles te ajudam a se adaptar, muitas vezes te ajudam com empregos e tambem coisas simples como transporte, claro num futuro proximo o ideal e se mudar e morar com estrangeiros, assim voce tera mais tempo para praticar a lingua.



Nestes meus quase cinquenta dias morando nesta casa, vi pessoas entrarem e sairem de la, alguns voltando ao Brasil, outros simplesmente tocando a vida pra frente em Londres como eu faria tambem, esses que chegavam, vinham na mesma situacao, como estudantes, preocupados com trabalho e escola, alguns desesperados por nunca terem vivido so, outros mais tranquilos curtindo a liberdade e o sonho de estar na capital da Europa, mas nem tudo sao flores, proximo passo: Escola!



FOTO: Hackney Central Train Station

Thursday 1 May 2008

Welcome to Hackney!

Getting there...

Estacao mais proxima:Hackney Central Train Station (London Overground)Calling: Stratford(E), Highbury & Islington(C), Willesden Junction(NW), Richmond(SW), Clapham Junction(S).

Principais Linhas de Onibus:
48- London Bridge, Tottenham Hale, Walthamstow
38- Victoria Station, Islington, Angel Station, Holborn Station
254- Bethnal Green Tube Station, Manor House Station
206- Finsbury Park, Shoreditch

Chegando em casa…

Ja deixando o terminal dois no Heathrow Airport, comecei a procurar por um cara que supostamente deveria estar esperando pra me levar pra casa, paguei o translado do aeroporto ate a acomodacao, porque eu pensava que seria dificil chegar ate la sozinho. Hoje em dia eu nao pagaria de maneira alguma, pois o transporte publico e consideravelmente eficiente. Trinta minutos haviam se passado e nada de eu encontrar o cara, entao resolvi mexer na minha mochila e procurar o telefone dele, nao sou nada organizado com estas coisas, eu ja devia ter o numero em maos. Quando encontrei o numero, encontrei outro desafio tambem: Como usar o telefone?

Bom, ja no telefone ouvi alguns brasileiros perto de mim, tambem esperando por alguem que os pegaria, e que por coincidencia tambem estava atrasado. Estranhamente estes brasileiros pegaram o mesmo voo que eu desde Guarulhos e eu nem vi sinal deles durante o voo e muito menos na conexao em Zurich, mas comecamos a conversar, dois deles formavam um casal, Marcos e Fernanda tambem estavam preocupados por nao saberem como iriam pra casa sozinhos, de repente aparaceu o “Waltinho”, dono da agencia que eu paguei pra vir a Londres, com um jeito todo particular, tentou ajudar meus recem amigos, trocamos e-mails e mais tarde sem querer nos encontramos novamente em Londres, mas esta e outra historia.

Um tempinho depois ja estavamos caminhando em direcao ao carro, e eu ja dei o primeiro fora, tentando entrar do lado do motorista na Pajero (Shogun) “baleada” do Walter. Tudo era novo, os carros do lado contrario da rua, carros de luxo rodando em qualquer lugar, muitos muculmanos nas ruas, um misto de coisas que eu esperava ansioso pra ver e outras que eu nao imaginava que veria um dia. A casa ficava longe do aeroporto, e no caminho o Waltinho foi me contando coisas sobre a cidade, uma delas era que ele estava fazendo um caminho diferente pra nao pagar pedagio no centro de Londres, na verdade ele se referia ao famoso Congestion Charge, que todos veiculos que transitam na Central London devem pagar, o valor por dia equivale a £ 8.

Mais de trinta minutos depois ele estacionou o carro e disse; - Bom, chegamos! Desci do carro estranhando um pouco o lugar, pois era cheio de sobrados antigos, e a casa que eu vira no website da agencia era terrea com um jardim na frente e alguns degraus que davam acesso a porta, mas tudo bem, poderia ter mudado ha pouco tempoe o mais importante era que eu ja estava em Londres ha algumas horas, e o tempo quente da primavera me permitia vestir so jeans e camiseta.

Continuamos caminhando por alguns poucos minutos e ele entao abriu uma porta, com uma folha de papel sulfite colada nela escrito: 1,2,3, Northumberland Mansions. Eu estava em casa, entramos, e a primeira coisa que vi foi uma enxurrada de cartas e flyers de propaganda de delivery de comida no chao de um corredor escuro, entao comecamos a escalada, corrimao grudento, escadas sujas, janelas quebradas e com grades antigas me rodeavam. Isso foi o que eu pude obeservar, preocupado com o que ainda poderia ver pela frente. Pelas janelas nas escadas eu podia ver a vizinhanca, as casas seguiam o mesmo padrao, pouco conservadas e sujas, e nos fundos tinha uma escola primaria. Dois lances de escadas e la estava eu, Flat 2 que seria minha casa pelo menos por um mes. La viviam nove pessoas, eu seria o decimo, entre estas pessoas ja estava meu amigo Daniel, que havia chegado um dia antes, esta casa, sem duvida foi uma das mais movimentadas e com mais historias pra contar, afinal foi onde tudo comecou…
FOTOS: Mare Street, Hackney Central e Lower Clapton Road.