Tuesday 6 May 2008
Hora de Mudar
Try
Desafios realmente mudavam a cada dia, mas agora o mais eminente era o de arranjar trabalho, entao seguindo o que os caras mais velhos na casa e em londres faziam foi o que fiz. Inventar experiencia como lavador de pratos, e ajudante de cozinha no curriculo, sim era este o “jeito” que eles pensavam que conseguiriam trabalho, entao tambem fiz o meu “CV”.
Por algumas vezes saimos para entregar estes curriculos no centro de Londres, em bares, restaurantes e hoteis, mas nao tinhamos nenhum resultado. Outra opcao era trabalhar por agencias, que sao comuns para servicos temporarios em eventos de toda ordem. Logo na primeira semana o dono da agencia de intercambio, HelloLondon, nos passou um numero de uma brasileira chamada Silvana, mas ela nunca atendeu o telefone e muito menos respondeu as mensagens que eu e meus flatmates enviamos, logo continuavamos com curriculos que tambem nao deram certo.
Sempre que entregavamos curriculos as pessoas olhavam o Post Code e faziam uma cara meio estranha, tempo depois fui perceber que era porque moravamos no Hackney, uma regiao com transporte ruim, o que sem duvida resultaria em atrasos constantes no trabalho. Certo dia saimos da escola e ficamos sabendo de um trabalho que ia rolar como cleaner, Cleanevent era o nome da empresa, que faria a limpeza no Torneio de Tennis de Wimbledon, entao saimos da escola, na regiao central de Londres e fomos ate o Sudoeste, onde fica o Wimbledon Tennis Court, quando chegamos, depois de nos perdermos varias vezes, a selecao para o trabalho ja havia terminado, entao frustrados voltamos pra casa, atravessar a cidade usando onibus pra nao pagar o metro da zona 3.
Depois dessa longa jornada chegamos em casa, tomei um banho, alias o banheiro as vezes era duro de enfrentar, pois dez pessoas dividindo o mesmo banheiro era realmente complicado. O sono bateu e foi longe, junto veio a preguica mas no outro dia tava eu la na escola novamente.
Tres horas de calor dentro da sala e muitos brasileiros, mas fiquei ate o fim e voltei pra casa. Entao no exato momento que estava abrindo a porta, um dos meus flatmates me ligou, dizendo que tinha arrumado um canal pra um trampo de vender cerveja em eventos, mas eu teria que encontra-lo la perto de Wimbledon, na hora eu ja quase desisti, mas como precisava do trampo, atravessei a cidade enquanto eles me esperavam em Earl’s Court Station.
Quase duas horas depois eu estava la. Entao fomos atras do endereco e chegamos na empresa, e finalmente apos uma engracada entrevista conseguimos trabalho na MJR Tom-UK, mas nao era um trabalho fixo, seriam so alguns dias na semana e comecariamos ja no dia seguinte. Fato engracado na entrevista era que o Alex, um dos managers fez algumas perguntas pra testar o nosso nivel de ingles, apos dizermos que era intermediario, mas um dos flatmates tinha um ingles basico, entao o Alex sacou e perguntou pra ele; “-What if one of our guests wants to fuck your sister?”- entao esse nosso amigo prontamente respondeu: “Yes!! I’ts ok!” , todos cairam na gargalhada, mas no fim deu tudo certo.
No dia seguinte la estavamos nos, procurando o caminho pra chegar ao Twickenham Stadium, depois de pegar o trem em Waterloo Station sem pagar, correndo risco de sermos multados, la estavamos, ligamos pra um contato que haviam nos passado e meia hora depois ja estavamos trabalhando. Uma mochila nas costas pesando cerca de 15 quilos, cheia de cerveja, copos e uma pochete nos tornavam uma das atracoes do evento. Uma roupa que se assemelhava ao uniforme dos caca-fantasmas e muitas piadas ao respeito foram a tonica do dia.
Fora isso ainda o cansaco de ficar em pe com peso nas costas so era superado pela necessidade de fazer dinheiro pra se viver aqui. Mas logo outro fator foi decisivo para continuarmos na empresa, eu particularmente por oito meses, diria eu que este era um dos dois unicos motivos de ficar la, o dinheiro, outro era as amizades, falando em amizades, neste primeiro dia de trabalho arranjei um dos amigos que dificilmente vou esquecer, Fabricio cara gente boa pra caramba, vindo do interior do Parana, precisamente Pato Branco.
Na verdade esta empresa tem direito a um post so pra ela, acreditem! Assim a vida foi seguindo, nos trabalhamos em varios eventos, saindo de madrugada de casa porque moravos longe demais do ponto de encontro, que era em Hammersmith, e na hora de voltar tambem, a jornada incluia as vezes dois ou tres night buses. Dias inteiros sem comer, mas por outro lado assiti a varios concertos e eventos esportivos de graca, e ainda ganhava por isso, conhecendo outras cidades no Reino Unido e fazendo alguns amigos.
Este foi meu trabalho enquanto eu morava no Hackney, e durou bastante tempo, era so minha segunda semana na primeira casa, pois 15 dias em Londres e ja estava empregado... mas nao e assim pra todo mundo.
FOTOS: 38 BUS, at Hackney Central bus stop.
Twickenham Rugby Stadium, meu primeiro dia de trabalho no Reino Unido.
A long way to go
Sunday 4 May 2008
Ainda no Hackney...
Thursday 1 May 2008
Welcome to Hackney!
Estacao mais proxima:Hackney Central Train Station (London Overground)Calling: Stratford(E), Highbury & Islington(C), Willesden Junction(NW), Richmond(SW), Clapham Junction(S).
Principais Linhas de Onibus:
48- London Bridge, Tottenham Hale, Walthamstow
38- Victoria Station, Islington, Angel Station, Holborn Station
254- Bethnal Green Tube Station, Manor House Station
206- Finsbury Park, Shoreditch
Chegando em casa…
Ja deixando o terminal dois no Heathrow Airport, comecei a procurar por um cara que supostamente deveria estar esperando pra me levar pra casa, paguei o translado do aeroporto ate a acomodacao, porque eu pensava que seria dificil chegar ate la sozinho. Hoje em dia eu nao pagaria de maneira alguma, pois o transporte publico e consideravelmente eficiente. Trinta minutos haviam se passado e nada de eu encontrar o cara, entao resolvi mexer na minha mochila e procurar o telefone dele, nao sou nada organizado com estas coisas, eu ja devia ter o numero em maos. Quando encontrei o numero, encontrei outro desafio tambem: Como usar o telefone?
Bom, ja no telefone ouvi alguns brasileiros perto de mim, tambem esperando por alguem que os pegaria, e que por coincidencia tambem estava atrasado. Estranhamente estes brasileiros pegaram o mesmo voo que eu desde Guarulhos e eu nem vi sinal deles durante o voo e muito menos na conexao em Zurich, mas comecamos a conversar, dois deles formavam um casal, Marcos e Fernanda tambem estavam preocupados por nao saberem como iriam pra casa sozinhos, de repente aparaceu o “Waltinho”, dono da agencia que eu paguei pra vir a Londres, com um jeito todo particular, tentou ajudar meus recem amigos, trocamos e-mails e mais tarde sem querer nos encontramos novamente em Londres, mas esta e outra historia.
Um tempinho depois ja estavamos caminhando em direcao ao carro, e eu ja dei o primeiro fora, tentando entrar do lado do motorista na Pajero (Shogun) “baleada” do Walter. Tudo era novo, os carros do lado contrario da rua, carros de luxo rodando em qualquer lugar, muitos muculmanos nas ruas, um misto de coisas que eu esperava ansioso pra ver e outras que eu nao imaginava que veria um dia. A casa ficava longe do aeroporto, e no caminho o Waltinho foi me contando coisas sobre a cidade, uma delas era que ele estava fazendo um caminho diferente pra nao pagar pedagio no centro de Londres, na verdade ele se referia ao famoso Congestion Charge, que todos veiculos que transitam na Central London devem pagar, o valor por dia equivale a £ 8.
Mais de trinta minutos depois ele estacionou o carro e disse; - Bom, chegamos! Desci do carro estranhando um pouco o lugar, pois era cheio de sobrados antigos, e a casa que eu vira no website da agencia era terrea com um jardim na frente e alguns degraus que davam acesso a porta, mas tudo bem, poderia ter mudado ha pouco tempoe o mais importante era que eu ja estava em Londres ha algumas horas, e o tempo quente da primavera me permitia vestir so jeans e camiseta.
Continuamos caminhando por alguns poucos minutos e ele entao abriu uma porta, com uma folha de papel sulfite colada nela escrito: 1,2,3, Northumberland Mansions. Eu estava em casa, entramos, e a primeira coisa que vi foi uma enxurrada de cartas e flyers de propaganda de delivery de comida no chao de um corredor escuro, entao comecamos a escalada, corrimao grudento, escadas sujas, janelas quebradas e com grades antigas me rodeavam. Isso foi o que eu pude obeservar, preocupado com o que ainda poderia ver pela frente. Pelas janelas nas escadas eu podia ver a vizinhanca, as casas seguiam o mesmo padrao, pouco conservadas e sujas, e nos fundos tinha uma escola primaria. Dois lances de escadas e la estava eu, Flat 2 que seria minha casa pelo menos por um mes. La viviam nove pessoas, eu seria o decimo, entre estas pessoas ja estava meu amigo Daniel, que havia chegado um dia antes, esta casa, sem duvida foi uma das mais movimentadas e com mais historias pra contar, afinal foi onde tudo comecou…